
Diz-me, amor, como te sou amada,
Conte-me a glória do teu sonho eleito,
Aninha-me a sorrir junto ao teu peito,
Arrancam-me dos pântanos da vida.
Embriagada numa estranha lida,
Trago nas mãos o coração desfeito.
Mostre-me a luz, ensina-me o preceito
Que me salve e levante redimida!
Nesta negra cisterna em que me afundo,
Sem quimeras, sem crenças, sem tumura,
Agonia sem fé dum moribundo.
Grito teu nome numa sede estranha,
Como se fosse, amor, toda a frescura
Das cristalinas águas da montanha.
Florbela Espanca