domingo, novembro 22, 2009

MOMENTOS


Mais um dia que começa, ouço a chuva que cai. Olho pela janela e meus pensamentos se perdem no tempo.É domingo também chovia. Gotas grandes, que caiam machucando a pele. Não que elas fossem assim tão grandes, mas minha concentração estava toda no corpo e nas gotinhas de chuva que caiam.
Lembro-me de andar pelas ruas, sem rumo me perguntando o que fazer? Como continuar aquela vida que parecia sem sentido, sem um norte, sem uma estrela guia. O que fazer? Volto a pensar. Já é tarde e sempre temos que tomar uma decisão. Sempre existe alguém que espera por nossa decisão. Mas como decidir se não se sabe o que se quer ou aonde ir.
A vida é assim. Procuro tomar essa decisão que agrade a todos. A todos? Não só a mim devo agradar . É minha vida! Tento então buscar um sentido para ela. A chuva continua a cair machucando-me a cabeça que explode em tantos pensamentos desencontrados.
Vejo ao longe uma pessoa que também caminha de cabeça baixa. Aproximo-me e ele me olha com aquele olhar penetrante como a devassar-me a alma. Assusto-me, parece que ele me olha além do que posso entender. Busca em mim uma resposta, talvez pergunte : porque caminhas na chuva? Mas sua boca não fala nada. Ele apenas me olha e sorri. Retribuo o sorriso meio sem jeito, acanhado. Mas ele continua a sorrir e aí me diz : que chuva gostosa!
Não esperava por aquelas palavras e somente consigo balbuciar um som, que podia ser entendido como o concordar com suas palavras. Ele não se inibe e continua. Quando eu era criança gostava muito de brincar na chuva, de sentir o cheiro da terra, de correr com meus amigos. – Era uma tremenda farra.
Não sei o que responder, mas seus olhos me olhavam de um jeito que me pedia resposta e num instante de segundo me vi como que deslocada no tempo e espaço e também me vi pequenina correndo por um caminho cheio de árvores, ouvindo o som da chuva, sentido o gosto de viver sem pensar no que vai acontecer daqui há pouco. Era apenas uma menina vivendo sua vida de menina. E quase que sem querer dei um sorriso mais aberto e respondi que a chuva também me trazia boas recordações de um tempo sem tempo de pensar. Era apenas tempo de viver.
Ele retrucou – como a gente pode esquecer desses momentos ? Concordei. Mas ele ia seguir por outra rua e se despediu com um sorriso e aceno de mão.
A chuva continuava e eu continuava a caminhar, mas agora tudo parecia diferente. As gotas de água não mais doíam, elas me faziam sentir viva. Cada gotinha minúscula me fazia sentir leve e feliz de ter mais um dia, pra tomar decisões ou até pra não decidir nada. Mas com certeza viver, aproveitando cada minutinho, pois nossos passos sempre nos levam a algum lugar, querendo ou não acabamos por decidir: consciente ou inconscientemente para onde ir e o que fazer. Naquele momento um desconhecido me ensinou que a vida é muito importante pra ser vivida e que os pequenos momentos sempre valem a pena ser vividos.

Autor: T.J.Gama

5 comentários:

ETERNA APAIXONADA disse...

Momentos assim marcam uma vida inteira! Que possamos perceber quando surgem...
Parabens pelo belo texto!
Tenha uma semana tranquila.
Beijos

PS: Obrigada pela visita. Senti sua falta.

tkteca.blogspot.com disse...

Oi apaixonada (qual o seu nome?), quero te dizer que essa situação é imaginária.

bjs

ETERNA APAIXONADA disse...

Pois bem o percebi!
Escreve muito bem! Gostei muito!
Tenha uma ótima quarta feira!
Beijos
Helô Spitali

mari - pedra de alquimia disse...

Teka,

Parabens pelo texto. Muito lindo. Momentos assim, descritos para que outras pessoas tenham acesso, é que nos fazem perceber quanta sensibilidade podemos despertar dentro de nós e nas pessoas que os leem. Momentos únicos, mágicos...

Bj

tkteca.blogspot.com disse...

tô ensaiando uma de escritora.

bjs

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